Alívio Exalatório

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A apneia obstrutiva do sono (AOS) é uma condição crônica que afeta pelo menos 24% dos homens de meia-idade e 9% das mulheres. O CPAP (Continuous Positive Airway Pressure) é considerado o tratamento padrão ouro para a AOS moderada a grave. Entretanto, pacientes com AOS tratados com terapia pressórica frequentemente descrevem dificuldade para expirar contra o fluxo de ar gerado pelo equipamento.

Como a pressão positiva (PAP) não é realmente necessária para controlar a AOS durante o sono na fase inicial da expiração, a capacidade de diminuir a pressão no início da expiração foi adicionada a muitos aparelhos de CPAP para tornar o seu uso mais confortável, e sem comprometer o efeito terapêutico segundo os desenvolvedores desta tecnologia (trabalhos mostraram que o momento crítico de colabamento da via aérea superior durante o sono seria na transição expiração-inspiração) (Killick, 2020).

A tecnologia de alívio exalatório foi então incorporada em muitos equipamentos de diferentes marcas, com distintas denominações como, por exemplo, alívio da pressão expiratória (EPR; ResMed, Sydney, Austrália), C-Flex, C-Flex1, A-Flex, Bi-Flex, P-Flex (Phillips Respironics, Filadélfia, EUA) e SoftPAP (Lo ̈wenstein, Bad Ems, Alemanha), com alguns desses recursos disponíveis também em equipamentos de pressão automática e binível. 

O alívio exalatório consiste em um alívio pressórico no momento inicial da expiração, retornando aos valores terapêutico aproximadamente um pouco adiante do meio da fase exalatória, com o objetivo de não deixar a VAS desprotegida entre a transição da fase exalatória e a fase inspiratória do ciclo respiratório seguinte. A Figura 1 apresenta como esta tecnologia se manifesta nos diferentes tipos de delivery pressórico.

Gráfico, Gráfico de caixa estreita

Descrição gerada automaticamente

Fig. 1. Representação esquemática dos vários modos de fornecimento de pressão positiva em via aérea superior e de como se manifestaria a tecnologia de alívio exalatório C-Flex (Phillips Respironics, Filadélfia, EUA), nos modos pressóricos CPAP fixo, CPAP automático (AutoPAP) e binível (Bilevel PAP), na fase inspiratória (traço azul) e exalatória (traço vermelho). Os desvios de pressão aqui representados não estão em escala e a magnitude da mudança não é necessariamente comparável entre os tipos de PAP. Os traços de pressão indicam apenas a direção e o imediatismo da mudança de pressão. Os equipamentos automáticos também podem diminuir a pressão. Os equipamentos automáticos também tendem a alterar a pressão em resposta à resistência / bloqueio das vias aéreas superiores. Modificado de Killick, 2020.

Um estudo inicial (não randomizado) levantou esperanças de que o alívio exalatório pudesse ser uma modificação eficaz, relatando 1,7 h / noite de maior adesão à terapia pressórica para aqueles pacientes que utilizaram equipamentos com a tecnologia C-Flex. Entretanto, a revisão Cochrane encontrou 9 ensaios randomizados (n= 609 participantes), com duração de 2 a 24 semanas, comparando pressão fixa CPAP com e sem o alívio exalatório, e verificou que a tecnologia forneceu um aumento modesto de apenas 0,14 h a mais de uso por noite (Tabela 1).

Tabela

Descrição gerada automaticamente

A incorporação do alívio exalatório nos equipamentos pressóricos resultou em pouca diferença no IAH residual ou nos níveis de pressão de tratamento, e pouca diferença nos sintomas dos pacientes ou na qualidade de vida. Adicionalmente, existem questionamentos se o alívio expiratório não diminuiria a pressão média, tornando o tratamento sub-terapêutico e questionamentos com relação ao momento em que o alívio exalatório realmente ocorre dentro do ciclo respiratório (se eventualmente o alívio exalatório poderia em alguns pacientes, por características específicas do padrão respiratório, não recuperar o patamar terapêutico no momento correto deixando a VAS desprotegida na transição expiração-inspiração).

Concluindo, embora o conceito do alívio exalatório pareça plausível, não existem evidências que o uso desta tecnologia melhora significativamente a adesão à PAP. O alívio exalatório não é recomendado inicialmente no processo de adaptação à terapia com pressão positiva nos guidelines europeus (embora o seu uso possa ser interessante para aqueles pacientes que estão iniciando a terapia e apresentam muito desconforto com a pressão inicial). Porém, aparentemente não existe um impacto negativo nos resultados terapêuticos com o uso do alívio exalatório, portanto os pacientes não devem se preocupar se sua máquina de CPAP ou binível oferece ou não suporte para o recurso.

Fonte: Killick R, Marshall NS. The Impact of Device Modifications and Pressure Delivery on Adherence. Sleep Med Clin. 2021 Mar;16(1):75-84. doi: 10.1016/j.jsmc.2020.10.008. Epub 2020 Dec 7. PMID: 33485533.

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